O programa da RTP prós e contras é um insulto à pobreza e aos desempregados. Na edição de ontem realçou-se que a excelente qualidade de vida que o país proporciona é um atractivo para se trabalhar em Portugal. Isto foi dito com dois objectivos: i) argumentar que a onda de emigração que existe devido ao desemprego, fundamentalmente de recém licenciados, poderá ser facilmente substituída por estrangeiros e ii) Portugal tem excelentes condições de vida, está tudo bem por cá porque não há violência como na América Latina ou mesmo como nas cidades da "Meca" capitalista EUA, porque nesses países as pessoas são assim, sei lá, por motivos genéticos, por cá apenas há uma pequena crise que não tem nada a ver com políticas mas com a falta de competitividade porque o nosso tecido industrial e agrícola é muito tradicional, isto é, não polui, não explora, não desperdiça com a mesma intensidade que o dos países desenvolvidos como por exemplo os EUA, a Rússia, a China, a Índia e o Brasil. Obviamente que os estrangeiros aos que a medíocre Fátima Campos Ferreira e os seus medíocres convidados se referem são professores universitários, gestores e empresários.
Ignorar que cerca de um terço da população portuguesa vive a baixo do limiar de pobreza é uma ofensa imperdoável não só aos pobres mas a todos os portugueses. Para esses o clima não é suficiente, aliás Portugal é o país onde mais se morre de frio e de calor na Europa ocidental, por isso o clima é o grande carrasco dos mais pobres e vulneráveis portugueses. Os convidados da Fátima e ela própria gostam do sol, gostam dum golfezinho ao fim de semana, de um passeio junto ao mar e gostam das excelente condições de consumo que Portugal oferece, boas lojas e muita variedade de porcaria indispensável que o terço pobre da população portuguesa nem sequer sabe que existe.
Desejar substituir os portugueses por estrangeiros é absurdo e perverso. Passa a ideia que os portugueses que emigram são piegas. Lá porque há uma crisezinha põem-se logo a andar. Um dos medíocres convidados chegou a dizer que quando terminou o curso não pensou logo em trabalhar. Provavelmente o papá rico dar-lhe-ía uma boa mesada para se fazer homem passando alguns meses num sítio de clima pior como Paris ou Nova Iorque. Parece que os climas mais adversos fortalecem os ricos. Note-se que estes convidados da Fátima, estiveram lá fora, porque queriam fazer carreira e não pela pieguice da subsistência. A Fátima chegou a falar da dificuldade que é emigrar porque algumas pessoas não conseguem, por pieguice, adaptar-se às outras culturas ou climas (o clima é sempre o mais importante, claro) mas sem nunca falar das famílias destroçadas. A Fátima também tem a visão do português piegas do Passos, porém mais maternal. Coitados dos piegas. Não se adaptam ao frio porque são pobres e estúpidos. Se fossem ricos e empreendedores adaptar-se-iam facilmente aos passeios de Champs-Élysées ou da Fifth Avenue.
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