6 de fevereiro de 2012

Hospital da cidade grega de Kilkis agora em autogestão


Comunicado dos trabalhadores do Hospital de Kilkis:

1. Reconhecemos que os actuais e recorrentes problemas do Ε.Σ.Υ (sistema nacional de saúde) e organizações relacionadas, não podem ser resolvidos com reivindicações específicas e isoladas, ou reivindicações que sirvam os nossos interesses específicos, uma vez que estes problemas são um produto de políticas governamentais anti-populares mais gerais e do devastador capitalismo neoliberal.

2. Reconhecemos, também, que ao insistir na promoção desse tipo de reivindicações estaremos a colaborar no implacável jogo das autoridades. A mesma autoridade que, de forma a enfrentar o seu inimigo - ou seja, as pessoas - enfraquecido e fragmentado, espera evitar a criação de uma frente popular e laboral universal, a um nível nacional e global, com interesses e reivindicações comuns contra o empobrecimento social que as políticas das autoridades provocam.

3. Por esta razão, situamos os nossos interesses específicos dentro de um quadro geral de reivindicações políticas e económicas que são colocadas por uma enorme parcela do povo grego, que está hoje sob o mais brutal ataque capitalista; reivindicações que para serem frutíferas devem ser promovidas até ao fim em cooperação com as classes média e baixa da nossa sociedade.

4. A única maneira de alcançar isto é questionar, com acções, não só a sua legitimidade política, mas também a legalidade do autoritarismo arbitrário e do poder e hierarquia anti-populares, que caminham a passos largos para o totalitarismo.

5. Os trabalhadores do Hospital Geral de Kilkis respondem a este totalitarismo com democracia. Ocupamos o hospital público e colocámo-lo sob nosso controlo directo e absoluto. O Γ.N. de Kilkis passará a ser auto-gerido e a única forma legítima de decisão administrativa será a Assembleia Geral dos seus trabalhadores.

6. O governo não fica liberado das suas obrigações económicas com o pessoal e o fornecimento do hospital, mas se continuam a ignorar essas obrigações, seremos forçados a informar o público e a recorrer ao governo local, mas mais importante que isso, a pedir à sociedade que nos apoie dentro do possível para: (a) a sobrevivência do nosso hospital (b) um apoio total ao direito a uma saúde pública e gratuita (c) o derrube, através de uma luta popular colectiva, do actual governo e de qualquer outra política neoliberal, não importa de onde venha (d) uma democratização profunda e substancial, isto é, que torne a sociedade a responsável por tomar decisões relativas ao seu próprio futuro, em vez de uma terceira parte.

7. O sindicato do Γ.N. de Kilkis começará, a partir de 6 de Fevereiro, a retenção do trabalho, servindo apenas emergências no nosso hospital até que haja o pagamento completo das horas trabalhadas, e o aumento do nosso rendimento para os níveis que tinham antes da chegada da troika (UE-BCE-FMI). Entretanto, sabendo perfeitamente bem qual a nossa missão social e obrigação moral, protegeremos a saúde dos cidadãos que venham ao hospital providenciando cuidados de saúde gratuitos a quem necessite, tolerando e pedindo ao governo para que finalmente aceite as suas responsabilidades, superando, mesmo que no último minuto, a sua imoderada crueldade social.

8. Decidimos que uma nova assembleia geral será realizada na segunda-feira 13 de fevereiro, na sala de reuniões do novo edifício do hospital, às 11 horas, a fim de decidir os procedimentos necessários para implementar eficazmente a ocupação dos serviços administrativos e realizar com sucesso a auto-gestão do hospital, que terá início a partir daquele dia. As assembleias gerais terão lugar diariamente e serão o instrumento fundamental para a tomada de decisão em relação aos funcionários e ao funcionamento do hospital.

Pedimos a solidariedade do povo e dos trabalhadores de todas áreas, a colaboração de todos os sindicatos e organizações progressistas, bem como o apoio de qualquer organização de comunicação social que escolha dizer a verdade. Estamos determinados a prosseguir até que os traidores que vendem o nosso país e o nosso povo saiam. São eles ou nós!

As decisões acima serão tornadas públicas através de uma conferência de imprensa para a qual todos os meios de comunicação (local e nacional) serão convidados, na quarta-feira 15/2/2012, às 12h30. As nossas assembleias diárias começam a 13 de Fevereiro. Informaremos os cidadãos sobre todos os eventos importantes que ocorram no nosso hospital por meio de comunicados de imprensa e conferências. Além disso, vamos utilizar todos os meios disponíveis para divulgar esses eventos, a fim de fazer dessa mobilização um sucesso.

Convocamos

a) Os nossos concidadãos a mostrar solidariedade para com o nosso esforço,
b) Todos os cidadãos injustamente tratados do nosso país, a contestarem e a oporem-se, com ações, contra os seus opressores,
c) Os nossos colegas de outros hospitais a tomarem decisões semelhantes,
d) Os funcionários de outras áreas do sector público e privado e os membros de sindicatos e organizações progressistas a agirem da mesma forma, a fim de ajudar a nossa mobilização a assumir a forma de uma resistência e revolta laboral e popular universal, até à nossa vitória final contra a elite económica e política que hoje oprime o nosso país e o mundo inteiro.


Traduzido de http://libcom.org/blog/greek-hospital-now-under-workers-control-05022012

Por cá as pessoas começam a organizar-se autonomamente para defender o serviço público de saúde na Plataforma Cidadã de Resistência à Destruição do SNS. O grupo organizador funciona no facebook.


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