1 de julho de 2012

"A cidade do Rio nervoso"

Talvez cansada de analisar algumas das propostas que tem para aquele espaço, coisa que, de acordo com o comunicado que pretendia justificar o despejo da Biblioteca Popular do Marques, começou a fazer nos últimos meses, a CMP decidiu colocar o imóvel sito à Praça do Marquês, designado por biblioteca infantil Pedro Ivo, em hasta pública, no próximo dia 16 de Julho.

O valor mínimo de licitação são 260 euros por mês. E o vencedor será o que der mais, que é assim, em forma de mercearia, que se gere o património municipal na cidade do Rio. De salão de chá a gabinete privado de arquitectura, passando por todas as possibilidades que a tua imaginação percorrer, aquele naco de propriedade pública passa para as mãos de quem tiver mais disponibilidade de guitos.

Estranha-se que, aos candidatos, não seja exigida uma declaração médica a informar o ritmo do sistema urinário dos futuros frequentadores, uma vez que não se explica como é que a ausência de sanitários, justificação camarária para a impossibilidade de lá se fazer uma biblioteca, é resolvida pela licitação mais alta.

Rui Rio está nervoso. Quando confrontado com o erro, no caso o abandono, por 11 anos, deste equipamento, responde como sempre respondeu, calcula-se que desde os tempos da primária. Primeiro a quente, utilizando argumentos parvos, dispersos e pouco pensados. Depois, com mais calma, com fugas para a frente. Deverá pensar que, com este golpe, nos coloca entre a espada e a parede. "Se são tantos e se querem mesmo aquele espaço, candidatem-se. Se não se candidatarem, perdem a face", passar-lhe-á pela cabeça.

Esquece-se de que a espada somos nós e que a parede é o local para onde foge quando, com as condições desta hasta pública, contradiz o comunicado de despejo; quando, com esta manobra de aparente ataque, mais não faz do que tentar defender-se de nós; quando, enfim, reconhece que o interesse público é a última das suas preocupações, que é o que se pode concluir de não ter, como se pode ver no caderno de encargos da eventual adjudicação (aqui chamado programa de procedimentos), qualquer preocupação com o que vá acontecer dentro daquele espaço ou que vantagens possa trazer para a zona.

Rio sentiu os toques da espada. E fugiu. Cada vez que reage fica mais perto da parede. Por isso, está nervoso. E deve continuar.

MS in http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/8158


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